domingo, 11 de janeiro de 2009

"... nada de extraordinário..."

Solidão Bom Dia / Kid Abelha

Deu formiga em minha cama
hoje é 1 dia comum
não acabou a guerra
não há 1 novo amor
a solidão me conhece
vou tentando esquecer
mas ela chega, me olha
e estende a sua mão
então só resta lhe dizer
solidão, bom dia!
abre a porta, pode entrar
solidão, bom dia!
abre a porta, pode entrar
ninguém faz aniversário
não chegou o verão
nada de extraordinário
é só a solidão
a solidão aparece
vou tentando evitar
mas ela chega na hora
não é de atrasar
então só resta convidara solidão telefona
eu tento não atender
mas ela deixa recado
"Onde está você?"
então só resta responder

domingo, 4 de janeiro de 2009

"Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.”

(Clarice Lispector)

sábado, 3 de janeiro de 2009

"É curioso como não sei dizer quem sou.

Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer.
Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo...

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, d
epende de quando e como você me vê passar.

Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração.

Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente.


Não sei amar pela metade.

Não sei viver de mentira.

Não sei voar de pés no chão...


Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."

(Clarice Lispector)